segunda-feira, 7 de junho de 2010

Andreas conta sobre sua carreira de jogador de futebol

Por: Fabio da Silva Barbosa
Fotos: Fabio da Silva Barbosa
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Andreas mostra matéria de jornal local contando sua história

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Andreas Alfonso Salgado Cervantes, 51, é figura marcante em Cabo Frio. Embora já tendo feito algumas matérias com ele, dessa vez, Andreas relatou um ângulo sobre que ainda não tínhamos conversado. Sua carreira de jogador de futebol. Assim é uma existência rica. Pensarmos que sa-bemos tudo sobre, mas...
“Quando pequeno, pedi a meu pai que me levasse para fazer a prova do time Universidade Católica do Chile. Tinha até o cartão de um grande jogador que era amigo, mas não quis usar. Preferi passar por minha capacidade. Consegui!” Assim começou o relato de sua saga. E prosseguiu: “Passei por times amadores e profissionais. Inclusive por times comunitários que eram muito legais”.
Um dia seu pai o acordou cedo, mandou que tomasse um café leve e pegasse a chuteira. Foi para o time de Santa Ana onde treinou e participou de vários jogos. “Aí começou a temporada. Ganha-mos!” (Nisso, ele se aprofundou em suas lembranças. Olhou por um tempo para frente e comovido declarou: “Parece que estou lá. Todo mundo na arquibancada...”) “Ganhamos o campeonato, mas me f...” Andreas prejudicou seus rins. “Estava nos chuveiros quando um amigo viu que eu urinava sangue. Tive de parar de jogar. Fui para a Bolívia... Ver minha irmã que ia casar. Nessa época já mexia com artesanato. Sempre fui maluco.”
Na Bolívia continuou jogando. Chegou a treinar em dois times ao mesmo tempo. “Um profissional e outro mais popular. Joguei lá por oito anos. Casei, tive filhos... Voltei para o Chile... Mas estava na época do governo Pinochet. Comecei a querer ir embora. Não me sentia mais a vontade. Não era minha onda”. A família preparou uma festa surpresa de aniver-sário, onde aproveitou para se despedir. Um amigo chamado Guilherme apareceu dizendo que vinha para o Brasil e tinha um carro (Maverick) para fazer a viagem com outros companheiros. “A festa de aniversário durou três dias. Aniversário e despedida junto”.
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Andreas e seu amigo Chason
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Finda a comemoração, encheram a mala do carro com artesanatos e começaram a jornada. “Passamos pelas cordilheiras dos Andes. Cruzamos a fronteira do Chile com Argentina. Conse-guimos vender brincos e pulseiras no atacado para lojas”. Após atravessarem a fronteira em Foz do Iguaçú, passaram pelo Rio Grande do Sul e continuaram o caminho até o Rio de Janeiro onde houve mais um grande divisor de águas na vida do jogador de futebol e artesão Andreas Alfonso. “Der repente foi todo mundo embora. Tinha por volta dos 20 anos nessa época.Fiquei sozinho, sem conhecer o lugar nem saber falar português. Perdi tudo para o Rapa na Sans Penha. Foi assim que estava nas festas de final de ano. Sozinho e sem dinheiro. Duro mesmo. Sem nada. Nisso, vi um cara vendendo fogos. Deixei minha bolsa com ele para poder levar uma caixa de fogos. Abri a caixa e estourei um. Aí veio uma turma ver e comecei a vender a unidade. Voltei, depois de muito rodar, pois havia perdido o lugar onde ele estava, dei o dinheiro dele e peguei outra caixa. Levantei uma grana com aqueles fogos. Aí, os dias foram passando e comecei a alugar apartamentos para turistas e amigos que chegavam no Brasil. Conseguindo o suficiente para buscar o material que havia perdido para o rapa, fui ao depósito da polícia. Eram peças que havíamos trazido de fora. Material diferenciado. Não queria deixar para lá”.
Depois de uma passagem por Rio Bonito, onde trabalhou com um grupo de artesãos chilenos, Andreas veio para Cabo Frio. Se estabeleceu como artesão e se transformou, posteriormente, em ícone da cidade. “Se tivesse dinheiro, traria minha família para cá. Daqui não saio mais. Encontrei o paraíso.”

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