sábado, 1 de maio de 2010

Divulgado pela ALERJ

COMISSÃO ENCAMINHA PROPOSTAS DE AÇÕES EMERGENCIAIS PARA NITERÓI
Por: Pedro Motta Lima
Uma pauta com 28 propostas de ações emergenciais e estruturais foi encaminhada nesta quinta-feira (29/4), por ofício, ao prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira. As ações sugeridas foram consolidadas a partir de uma síntese dos debates realizados pelo Comitê de Solidariedade
e Mobilização das Comunidades e Favelas de Niterói, que foi ouvido durante uma audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). “O papel do parlamentar, numa audiência como essa, é mais ouvir do que falar, porque a solução vai vir da luta popular. Essa audiência serviu para tornar pública a voz daqueles que estão desabrigados e abandonados pelo Executivo”, explicou o presidente da comissão, deputado Marcelo Freixo, que coordenou a audiência em parceria com a Comissão de Direitos
Humanos da Câmara Municipal de Niterói, onde foi realizada, na quarta-feira (28/04). “As comunidades não devem pedir, mas exigir os seus direitos. A audiência foi boa porque produziu uma pauta de propostas encaminhadas ao prefeito. Passou muito da hora de se investir em moradia popular”, avaliou o parlamentar.
Mais de 15 moradores de favelas representaram as suas comunidades, ao dar testemunho no plenário sobre a tragédia, as perdas de vidas e a situação precária em abrigos improvisados em escolas. “Só quem vive em favela sabe o que passamos e como é grande o descaso do poder
público, nas esferas municipal, estadual e federal. O único caminho é a luta. Vamos parar esta cidade se for preciso, porque nada vai nos intimidar. Vamos à Brasília e ao mundo denunciar que vivemos sob uma falsa democracia, com os pobres morrendo, exterminados”, desabafou Tão,
líder comunitário do Morro do Estado, no Centro de Niterói.
Moradora de Tenente Jardim, Ozane, disse ter medo de que o caso seja esquecido. “Não tem aluguel social, não tem Defesa Civil, não tem nada. Vai chegar a Copa e vão esquecer da gente. Não podemos nos calar”, advertiu Ozane, que ganhou eco na fala de Aldinéia, de Santa Bárbara.
“Somos cidadãos que pagamos impostos. Sofremos dormindo no chão de um abrigo depois de perder nossa própria casa. Tenho filhos e estamos sem assistente social, psicólogos, saúde, educação. O que vai ser de nossas crianças?”, questionou.
Luane, moradora da Garganta, traduziu o sentimento geral na audiência. “Olhando aqui da tribuna, vejo que todo mundo aqui se parece. A maioria aqui é preta. Todo mundo deve ter um avô que ajudou a construir essa cidade. Mas Niterói é a terceira cidade do país em desigualdade social. Não dá pra brincar de qualidade de vida sem saneamento básico, com criança pegando bicho de pé. Não dá pra brincar de IDH alto com crianças de 13 anos sem saber ler nem escrever”, lamentou.

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