terça-feira, 4 de maio de 2010

Nova liderança encara desafios para levar cidadania e condições dignas de vida a Souza Soares.

“Só queria que o poder público tivesse algum carinho pelas comunidades”
Jorge de Oliveira, Presidente da Souza Soares
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Por: Fabio da Silva Barbosa
Fotos: Fabio da Silva Barbosa

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Jorge mostra a dificuldade de acesso enfrentada pelos moradores

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Jorge de Oliveira, 45, assumiu a presidência da Associação de Moradores da Souza Soares, em Santa Rosa, Niterói, há pouco tempo e já percebeu que não serão poucos os obstáculos que terá de vencer. “Para começar, ninguém vem limpar as ruas. Fica tudo a cargo dos moradores. Não tem recolhimento de lixo. Falta guarda-corpo nas subidas e escadas. As pessoas não têm onde se segurar. Os caminhos são muito acidentados. E isso é só o início.”

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Josiane Alves da Silva mostra o péssimo estado do caminho até sua casa.
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Subindo pela Rua Lions Clube, na Travessa da União, nos deparamos com escombros da casa que caiu nas chuvas de fim de ano (209/2010). Jorge disse que já foi pedida a retirada dos escombros, mas que não havia sido atendido até o momento. Passamos por várias árvores que correm o risco de cair e por outras que precisam urgentemente ser podadas. Fátima da Conceição é nascida e criada na Souza Soares e relatou que já houveram casos de caírem galhos, causando grande estrago a sua residência e de outros vizinhos. Jorge lembrou ainda que estão tendo problemas com a luz em determinados pontos e que a AMPLA já foi notificada.

Jorge nos levou por todos os caminhos que os moradores enfrentam em seu cotidiano
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O mato alto e a numeração das casas são outros problemas dos quais ouvimos muito falar nessa caminhada. Mailson Rocha, 19, veio em nossa direção para apontar o poste que estava caindo mais a frente. “Isso aqui está um perigo. Pode cair a qualquer momento.” Preocupa-se Mailson.
Chegamos a pontos críticos, onde o esgoto corre pelo caminho e os acessos a ruas e residências se encontram em estado inacreditável. Em muitas partes tive dificuldade em atravessar de um lado para o outro. Jorge lembrou que existem pessoas idosas, crianças e portadores de necessidades especiais que têm de fazer esses caminhos diariamente por não terem outra opção. “São de 13 a 14 mil pessoas vivendo em condições precárias de vida.” Conclui.

Problemas com o saneamento podem ser vistos por toda a parte
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Não existem áreas de lazer. Chaiane Inocêncio, 16, e Diana Vieira,13, falaram sobre sua vontade de ter um lugar para poder brincar. “Pelo menos podia ter um banquinho para a gente sentar e conversar” Comentaram. Luciana Carvalho, 23, Cristiane Barbosa, 36, e Josiane Alves, 24, aproveitaram para expor suas reclamações “O esgoto está horrível. Na travessa do campinho os caminhos estão um problema”. Cristiane lembrou ainda de quando fizeram as escadas. “Eu participei da construção. Fiquei toda doída. Mas se não tivéssemos feito até hoje não tinha.”. Pedro Gomes, 28, mora há seis anos no lugar e confirma: “Onde não está ruim, foi porque a gente fez.”

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Crianças mostram trajeto que fazem para sair e entrar em casa: “É dificil até chegar em casa”

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Livia Carvalho, 8, e seu irmão Vitor mostraram a dificuldade para chegar em casa. “Nosso primo que é pequenininho não consegue pular. A gente tem de levantar ele. É muito perigoso” Contam. Carlos Alberto, 32, mora há 27 lá e conta que no morro não pode entrar caminhão e nem ao menos ambulância devido ao péssimo estado das ruas. Paramos na casa de Josélia Romão para tomar uma água gelada antes de prosseguir e ela contou sobre a chuva que desce com força formando uma correnteza que passa por dentro de casas. Ela conta que até pedras já rolaram do alto do morro.

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Mais um acesso difícil
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O Presidente gostaria ainda de reativar a Biquinha (antigo lugar onde as lavadeiras locais e donas de casa iam lavar suas roupas). “Aqui tem uma nascente que oferece água 24 horas por dia, mas tinhamos de canalizar para não se poluir no caminho. Ela poderia ser usada pelos próprios moradores que ainda não possuem água em casa.” Propõe.

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O sacrifício para se ter água em casa
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A Associação da Souza Soares vem se organizando para oferecer cursos a toda comunidade. Para isso seria importante o apoio de órgãos e instituições que pudessem colaborar.
Em tempo: Embora todos que leram essa matéria possam vir a imaginar que foi feita recentemente, essa péssima qualidade de vida foi registrada antes das chuvas. Depois, ficou muito pior, como pode-se comprovar no Impresso das Comunidades de abril.

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