Fotos: Fabio da Silva Barbosa

Pepe começou a fazer pulseiras de linha, o que aprendeu com um uruguaio que viajava com a filha. “Dava para sobreviver”. Durante esse tempo transitou entre Cusco e Lima e conheceu a brasileira que seria sua esposa. Ficaram no Peru, depois resolveram vir para o Brasil. “Ela aprendeu a fazer as pulseirinhas e juntamos dinheiro para o passaporte, que era caro. Tirado o passaporte em Lima, fomos a Cusco e de lá para a Bolívia. Ficamos em La paz, Cochabamba, Santa Cruz da Serra... Sempre trabalhando com as pulseirinhas”. Dormiam durante as viagens de caminhão e ônibus, e “quando sobrava um trocadinho”, alugavam um quarto, aproveitando para tomar banho e lavar roupas. “Pegamos o Trem da Morte”. Foram 20 horas de Santa Cruz até Porto Quijarro, com apenas uma parada. Dormiam no chão. “Não tinha banco suficiente para sentar, imagina deitar. Isso em 85”


Atravessaram a fronteira com o Brasil e pegaram o trem Corumbá-Baurú. “A primeira coisa que aprendi em português foi ‘Tem que descer’. Esperamos o trem sair e subimos. Na viagem o cara veio recolhendo a passagem. Eu fingi que procurava. Falei que fui roubado e ele disse: ‘Tem de descer’. Aí jogaram a gente e nossas coisas do trem. Passamos a noite em Maringá. Trocamos a estadia do hotel por um par de brincos de prata que trazía para a cunhada. Minha esposa ligou para o pai que, emocionado pela possibilidade de rever a filha de quem não tinha notícias há mais de 4 anos, mandou um trocado. Ele ficou muito feliz, porque achava que ela estava morta. Aí viajamos de primeira classe, almoçamos.. Foi maravilha”.


Chegando em São Paulo, foram até a casa da irmã dela e ligaram para o pai, com quem moraram. “Com um mês ela engravidou e as pulseirinhas já não vendiam tão bem. Trabalhei em uma companhia de mudanças e fui garçom de discoteca. Nasceu a criança.” Nisso Pepe conheceu um Peruano na Praça da República que vendia bijuteria e trabalhou com ele. Veio para o Rio e foi para um Sítio em Saquarema. “Chegamos lá e vimos que ele não era dono do sítio. O dono era um alemão. Fiquei dois ou três dias e aluguei uma casa nas proximidades.
Em Saquarema se separou da esposa e da filha que já tinha 2 anos. “Aí comecei a viajar pelo


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