segunda-feira, 12 de julho de 2010

POESIA PARA QUEM PRECISA

Por: Helena Ortiz
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A vida toda a gente ouve falar em lutar por isso e aquilo, e tudo parece eterno. Mas lembremos todas as lutas, e veremos que tudo se mexe, ainda que lentamente, em velocidade bem menor do que desejamos.
Lembrem-se que houve a escravidão, as mulheres não podiam votar e há bem pouco tempo, se olharmos de uma perspectiva histórica, estavam atreladas ao homem para sempre. Isso significa que alguma coisa anda. Talvez porque os movimentos populares sejam tão raros hoje em dia, que não se veja o quanto avançam as conquistas. As epidemias foram combatidas, surgiram outras. Há sempre muito que fazer. Essa é a vida, mutante, dinâmica, veloz.
De qualquer modo, a única maneira de superar as desigualdades sociais não depende de raça, credo ou berço. Depende do estudo. Depende do estudo. Depende do estudo. A educação é o único meio de progredir, e sempre o olhar individual, interpretativo sobre as coisas. Não acreditemos em nada de pronto. Vamos ver. Vamos investigar. As coisas nunca são bem assim. Procuremos sempre o outro lado, ou lados, porque sempre existem nuances, detalhes que podem fazer toda a diferença.
Neste número a coluna apresenta Paula Kalantã, que orgulhosamente descende dos tupinambás, estuda jornalismo e atua em defesa dos direitos humanos. Poesia para quem precisa é um espaço que quer, antes de tudo, se abrir para você, leitor, para sua sensibilidade encolhida ante tantos acontecimentos que você pensa que não pode mudar. Porque os acontecimentos não dependem só de você. Mas a maneira de vê-los, de se posicionar em relação a eles, essa sim, é única e exclusivamente você, e apenas nessa comunicação com a vida de todos os dias é que você vai saber quem é, e do que é feito.
E é quando você se toca que sim,
que você existe, que é um universo em movimento, aí então você vai lá e diz o que tem de maior, de mais verdadeiro, de mais profundo em si mesmo. Apesar das dificuldades por que passam as comunidades indígenas, da maneira como os governos as tratam, fingindo proteger, mas extinguindo, Paula tem um território sem fronteiras, que é absolutamente seu, no qual não mandam nem o INCRA, nem o Ministério Público, nem os seus paus mandados.
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Sob a lua pálida
Por: Paula Kalantã
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Quero ser tua, sob a lua pálida
e sentir teu corpo forte, ardente.
Quero sentir-me totalmente abandonada.
no teu abraço apertado e quente.
Quero sentir a vida pulsar em ritmo louco
no meu e no teu corpo,
tua língua em minha boca
sedenta de amor e de prazer.
Quero sentir tuas mãos em meu corpo,
leves, suaves, queimando como fogo.
Quero te olhar nos olhos,
e deitar-me em teu colo.
E quando o sol despertar,
alegre e cheio de vida,
quero te sentir dentro de mim
assim mesmo à luz do dia.
e perder-me em você.
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